A Logosofia e a Lei do Movimento

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A Logosofia e a Lei do Movimento

Se observarmos quão fecunda é a Lei do Movimento que rege toda ação, veremos que a uma maior atividade corresponde um maior benefício e melhores perspectivas de evolução. Tomemos o caso de uma indústria: se o desenvolvimento se realiza numa pequena escala, as despesas gerais absorverão os ganhos, e as finanças andarão aos tombos, sem poderem contar com uma base segura. Em vez disso, se é intensificada a atividade, fazendo-se com que a produção se amplie cada vez mais, os gastos gerais serão reduzidos até desaparecerem, enquanto aumentarão os benefícios pela própria gravitação do volume dos negócios, cujo rendimento se multiplicará com a multiplicação das operações que se realizem, mercê do ritmo intensivo de uma florescente atividade.

No homem sucede coisa igual. Aquele cuja capacidade empreendedora for muito limitada pouco renderá em proveito de suas necessidades físicas; o mesmo acontecerá com quem, tendo capacidade de sobra, se conformar em desenvolver uma atividade medianamente produtiva. Num e noutro caso, sempre se andará aos tombos com as finanças, sem poder equilibrar o orçamento das necessidades.

É esta uma das causas, talvez a principal, por que a maioria é de temperamento volúvel, instável, pois se perdeu, como é dito comumente, a confiança em si mesmo.

A Lei do Movimento a que aludimos é inexorável e incorruptível, tal como todas as leis universais. Neste estudo, determinaremos seu caráter e sua realidade em tudo o que diz respeito à vida humana.

O homem deve intensificar sua atividade até encontrar seu centro de gravidade e conseguir o equilíbrio, mas primeiro deverá saber que a uma maior intensidade de movimentos (produção da inteligência) corresponde uma maior estabilidade e equilíbrio. Um ser comum pode manter o esforço até alcançar, por exemplo, o equilíbrio econômico no aspecto doméstico, mas isto não é suficiente para assegurar a estabilidade desse equilíbrio, pois fatores alheios a sua vontade, ou circunstâncias imprevistas, poderão alterá-lo, ocasionando-lhe nessa ordem de coisas as consequentes perturbações. Na senda do aperfeiçoamento, a atividade deve ser progressiva, em ritmo ascendente, até manter um grau de intensidade suficiente para dominar a maior parte dos campos do conhecimento. Nenhuma região da mente deve permanecer inativa, uma vez que a evolução tem de ser integral e com plena intervenção da consciência. As leis analógicas nos demonstram a correspondência que existe entre isto e os astros, cujo equilíbrio se verifica pelo ritmo acelerado de seus movimentos de rotação. O Sol, cujas revoluções superam as de seus irmãos menores do grande império solar, é o que fixa o centro supremo de atração e determina, com sua poderosa vibração, produto de sua elevada posição na hierarquia astral, a órbita que devem seguir os que, sob seu amparo, cumprem os elevados destinos fixados pela evolução sideral. Idêntico processo se cumpre na escala humana, e os mais altos postos da perfeição são reservados àqueles que se fazem dignos de penetrar no seio das verdades eternas.

A velocidade vibratória de um astro produz luz; sua lentidão provoca sombra.

A velocidade do pião nos mostra que, quanto mais intensa ela é, tanto mais firme é a estabilidade dele, que até parece imóvel quando gira sobre sua diminuta ponta.

O princípio evangélico que expressa: “a quem tem, mais lhe será dado” aparece aqui intimamente conectado à lei de que tratamos, pois mais vantagens e benefícios são dados àquele que mais produz, já que, por regra universal, o mais conserva o menos. Daí que “ao que não tem, ainda o que tem lhe será tirado”, porque, se um ser possuir um pedaço de pão e não tratar de obter outro, logo o perderá ao comê-lo. Deve, por lei de previsão, ter outro que o substitua no momento em que este desaparecer. De maneira similar, quem é dono de um pequeno capital deixará de tê-lo se o gasta antes de possuir outro que o substitua. As energias físicas, como as mentais, serão gastas ou diminuirão consideravelmente se a pessoa não se preocupar em repô-las e ainda aumentá-las.

E, já que mencionamos as energias mentais, diremos que estas são passíveis de ser aumentadas em grande escala e manter um ritmo veloz em todas as atividades do pensamento.

Não é possível que a inteligência diminua a intensidade de sua atividade enquanto dure a plenitude de sua lucidez, a menos que, preferindo o homem fazer cessar essa intensidade, aceite as contingências da lentidão e, finalmente, as alternativas que a inércia lhe possa oferecer, com seu cortejo de manifestações nocivas: a preguiça, o ócio, o fastio,o relaxamento moral, etc., que viciam a vida e a fazem infecunda.

Ninguém jamais se lamentará por haver respondido com diligência e fidelidade às exigências da Lei do Movimento, pois a compensação ao esforço é, geralmente, instantânea. Em vez disso, muito deverá padecer aquele que viva à margem dessa realidade, crendo que é suficiente passar os dias numa atitude indiferente e vegetativa. Já vimos quantos milhões de almas vagueiam pelo mundo, cambaleando e desenhando círculos como o pião, o qual, carecendo de impulso, cai dentro do último que traçou.

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