A Pedagogia Logosófica
Resultados da realização logosófica nos aspectos mais proeminentes da vida humana: No moral
138- No moral deprime, com justa razão, a linha descendente que se observa no seio das grandes comunidades humanas, especialmente entre os jovens, onde mais repercute o alheiamento dos maiores.Esse alheiamento tem sua origem em causas que já assinalamos anteriormente e das quais voltaremos a nos ocupar mais adiante, ao falar do espiritual. Mal podem pais e mestres orientar a juventude, quando neles mesmos radicam essas causas, que vêm de longe e que tantos prejuízos têm ocasionado à moral do homem. É um fato inegável que a orientação dada à infância e à juventude carece de um verdadeiro incentivo moral. Nem a criança, nem q jovem são levados a formar um conceito claro de sua responsabilidade como seres inteligentes e donos de uma vida que devem dignificar com o exemplo de sua vontade, posta a serviço de suas aptidões. Em outras palavras, não se lhes ensina a ser conscientes do que pensam, fazem e sentem. O frio método pedagógico dos estabelecimentos educativos oficiais e particulares carece de eficácia no âmago da psicologia de cada educando; mantém-se, pelo contrário, na superfície da mesma, propiciando uma formação defeituosa da personalidade. Todo ensinamento moral não avalizado com o exemplo de quem o profere, atua em sentido contrário na alma do que o recebe. Este é um fato tão evidente que ninguém ousará pó-lo em dúvida. A Logosofia declara que a moral surge, no indivíduo, das excelências de seu sentir interno. É preciso cultivar essas excelências e ser consciente de que elas constituem uma torça imponderável quando postas a serviço dos desígnios superiores do espírito.
139- Depois de se haver deixado o mal avançar tanto, não basta assinalar uma ou outra vez o desvio, com atitudes sentenciosas desta ou daquela posição; a humanidade necessita é que se lhe ensine e transfunda o verdadeiro conhecimento de sua evolução. É necessário dar ao homem os elementos que lhe faltam para orientar sua vida com segurança pelos caminhos do mundo. Precisamente isto é o que oferece a Logosofia a favor do grande problema pedagógico-moral, cuja solução reclama a consciência humana.
140- A juventude, por exemplo, carece de uma preparação básica para a vida. Não recebe diretrizes precisas que lhe determinem a conveniência de seguir uma conduta reta, conduta que deve ser ilustrada com imagens claras a respeito das responsabilidades que cada indivíduo assume, tanto na família como na sociedade. É necessário que o jovem chegue a compreender a fundo, que toda infração aos princípios morais e sociais de convivência humana, introduz uma perturbação em sua vida com diminuição do conceito que merece. Além de atender a todos estes aspectos, o ensinamento logosófico vai mais longe: ensina ao jovem a ser consciente de seus pensamentos e atos. Deste modo, adverte-lhe que suas aspirações de êxito na vida deverão condicionar-se a um comportamento que não desvirtue a legitimidade das mesmas.
141- O incremento da delinqüência juvenil obedece em grande parte, ao fracasso dos sistemas pedagógicos empregados até o presente. As mentes dos jovens são assaltadas por pensamentos que os levam a cometer toda classe de deslizes. A pedagogia logosófica inclui, para estes casos, um elemento de grande valor: as defesas mentais, que agem sobre os pensamentos negativos como os repelentes que se usam para eliminar insetos. O conhecimento do sistema mental e dos pensamentos que se albergam na própria mente, a eliminação dos maus ou inúteis e o aumento dos bons ou úteis são fatores importantíssimos de defesa mental.
142- A moral, porém – insistimos – edifica-se com o bom exemplo, não com palavras. Nutre-se e afirma-se em uma atitude que surge do interno como imperativo da consciência. Essa atitude é o respeito; o respeito que cada qual deve ter para consigo mesmo, a fim de não lesar seu conceito com pensamentos, palavras ou atos que o maculem; o respeito ao semelhante, que outorga dos demais a mesma consideração; o respeito a Deus, afastando da mente todo pensamento ou idéia que não favoreça o acercamento a Ele, pelo caminho do saber e da perfeição; finalmente, o que se deve a tudo que, por sentimento natural, inspira respeito.
143- Nos ambientes onde se cultiva o ensinamento logosófico, ambientes nos quais o respeito e o afeto se somam ao afã comum de evolução, a moral é uma norma congênita feita hábito em todos. Daí que a infância e a juventude não sofram ali o desamparo espiritual que evidenciam aqueles que vivem e se educam em outros ambientes.
144- Quando não se instrui os jovens, durante sua insipiência como seres racionais, acerca dos perigos que ameaçam suas vidas, caem facilmente nas redes que lhes estendem as ideologias extremistas para seduzi-los e fazê-los servir a seus obscuros desígnios.
145- Ao proteger a infância e a juventude contra qualquer gênero de intenções que pretenda desviá-los do bom caminho, a Logosofia oferece a todos a possibilidade de conservar sua liberdade. E a conservam não se entregando ao domínio de ninguém, senão ao de si mesmos, para serem donos absolutos de sua pessoa e responsáveis diretos pela condução de sua vida.
146- Quem experimentou a tortura do descrédito, por ter sido menosprezado, verifica que, mediante o saber logosófico, seu pensar e sua conduta lhe vão granjeando simpatia e respeito, fato esse que lhe permite sentir-se cômodo e a gosto onde quer que se encontre, seja entre amigos ou simples conhecidos. Em outros termos, aprende a ser grato e a inspirar uma boa recordação em todas as partes. É um crédito moral nada depreciável.
147- O enunciado destes resultados e benefícios nos permite destacar o enorme valor do processo de evolução consciente, o qual, ao mesmo tempo que depura o indivíduo das coisas más e imprestáveis que oprime sua existência, concede-lhe a vantagem de supri-la com tudo que lhe é útil e realmente bom, constituindo essa série – de câmbios, o princípio básico no qual vai sustentando sua própria redenção. Isto todos podem fazer por si mesmos, sem necessidade de recorrer a nenhum intermediário oficioso; ninguém pode atribuir-se esse poder a expensas de outro, porque Deus dotou cada criatura humana para que se consubstancie nela a liberdade, o dever, o direito e a responsabilidade em essência viva inalienável de sua existência.
Trecho Extraído do Livro: Curso de Iniciação Logosófica
Autor: Carlos Bernardo González Pecothe – Raumsol